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O que existe por trás das ondas de calor
Fabiano Gonçalves Guimarães
17/02/2025 | 08:28
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Fernandes


O mês de fevereiro deste ano é marcado pelas frequentes ondas de calor que acometem o Brasil, não sendo mais exclusividade de regiões tipicamente mais quentes, como o Norte e Nordeste ou até mesmo as regiões litorâneas. Nos últimos dias, notícias sobre a chegada de mais uma onda de calor causou grande repercussão sobre os cuidados com a saúde, com o objetivo de preservar a qualidade de vida e evitar problemas sérios que as altas temperaturas podem causar no organismo. 

Mas as ondas de calor trazem, não só preocupação sobre aqueles dias de clima mais intenso, causando desconforto clínico e social. Esse verão é considerado chuvoso, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). E os riscos de alagamentos aumentam e quanto maior a cidade, maiores são os estragos estruturais e humanos. Pessoas perdem casas, pequenos comércios as suas mercadorias, isso sem falar das vidas que infelizmente são levadas pelas correntezas. 

Esses fenômenos que não são exclusividade do Brasil, conforme os incêndios ocorridos em janeiro na Califórnia, Estados Unidos, indicam que até os países mais desenvolvidos economicamente não estão preparados para lidar com essas tragédias, mesmo com alertas frequentes de organizações globais sobre a importância de reter ainda mais o aquecimento global. 

Se você, leitor/a, está se perguntando por que um médico de família e comunidade está fazendo toda essa abordagem sobre o clima, a resposta é bem simples: a saúde do planeta está completamente relacionada ao nosso bem-estar e mais que nunca, com a nossa segurança climática. Quanto mais o planeta sofrer com o aquecimento global, fruto da poluição do ar, água e terra, sofreremos as consequências na saúde e nas esferas econômica e social. 

A cada verão, as enchentes devastam bairros inteiros, levando sonhos, esperanças, histórias construídas com muito esforço. E mais que o prejuízo econômico, lidamos também com todos os efeitos mentais que podem vir junto como depressão e crises de ansiedade pelo receio de passar novamente pela situação e ainda, não enxergar caminhos para se reerguer, muitas vezes do zero. Por isso, que por trás de cada onda de calor, existem muitos aspectos a serem discutidos, além do aumento da temperatura. 

A saúde planetária é uma demanda global urgente. Cabe a cada um de nós praticar a preservação do planeta para atrasar os efeitos que já sentimos praticamente na pele, com os riscos de insolação, com as quedas bruscas de temperaturas de um dia para outro, com tempo seco que prejudica a nossa respiração, e o pior: as vidas perdidas em tragédias ambientais. 

Pequenas ações na nossa rotina já promovem esse atraso no declínio do planeta. São pequenos hábitos diários, que executados por milhões de pessoas, como aderir a reciclagem do lixo produzido em casa, podem aliviar um pouco a saúde do planeta. O tempo no banho e da torneira aberta também conta. A compra de itens em excesso e sem necessidade é outro fator que demanda reflexão. O lixão do deserto do Atacama com toneladas de roupas é uma prova disso. 

Claro que o papel não está 100% nas mãos da sociedade civil. As esferas públicas têm papel central nesse combate ao promover políticas de redução de danos não apenas com suporte às vítimas desse tipo de tragédias, mas ao focar na prevenção. Juntos, podemos desacelerar o processo de aquecimento e evitar que as populações mais vulneráveis sofram, assim como as próximas gerações. 

Fabiano Gonçalves Guimarães é presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade




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