Todos os dias embates novos, de um lado os defensores dos exercícios aeróbicos de alta intensidade, com os aumentos das frequências cardíaca e respiratória buscando os limites fisiológicos. No outro front, aqueles que acreditam que a distância percorrida seja o fator determinante de benefícios para a saúde e não o tempo utilizado para este empenho.
A solicitação cardiorrespiratória extrema promoveria excelência na saúde cardiovascular, discute-se, porém, se o hábito proporciona longevidade, haja vista que atletas profissionais e contumazes corredores não compõem estatisticamente em linhagem de longevos.
As caminhadas cederiam vantagens por intermédio do duradouro processo de utilização muscular, provocando longa produção de substâncias benéficas a muitos setores orgânicos, hipótese sugestiva, mas não estabelecida em consensos.
Alternar o treinamento entre caminhadas e corridas explosivas é modelo que tem crescentemente agregado adeptos, explicando-se por várias teorias em suas benesses, contudo, também longe de pertencer ao senso comum.
É possível que para viver mais a métrica esteja entre a caminhada e o aeróbico exaustivo, em um nível de esforço nomeado como zona 2, ao menos é isso que o médico Peter Attia propaga em seu livro “Outlive”, publicado em 2023, já contemplando uma multidão de simpatizantes.
Attia defende que este patamar de exercícios é o ideal para otimizar número, tamanho e funcionamento das mitocôndrias, as estruturas celulares que produzem energia para as células a partir da glicose. Com isso, seria gerado cenário para afastar condições crônicas como diabetes tipo 2 e doenças cardíacas.
A zona 2 do esforço físico poderia ser encontrada por métodos laboratoriais, contudo, na prática pode ser explicada pelo estágio em que o exercício é lento o suficiente para que se possa manter uma conversa, mas rápido o bastante para que a conversa se torne um pouco inquieta.
Embora este colunista não pretenda doutrinar com opinião própria, anoto compreender a busca pelos limites cardiorrespiratórios e as sensações legadas pelas endorfinas após os exercícios extenuantes, mas comungo do entendimento de que os treinamentos moderados, perseverantes e frequentes, são as melhores escolhas se a intenção é resistir (bem) ao tempo!
Antonio Carlos do Nascimento é doutor em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da USP e membro da Sociedade de Endocrinologia e Metabologia.
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