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Cuidar da casa comum
Bispo Dom Pedro Cipollini
20/03/2025 | 09:14
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Gilmar


A Campanha da Fraternidade deste ano é sobre ecologia: “Fraternidade e ecologia integral”, é seu tema. Somos chamados a vivenciar o período da quaresma refletindo sobre a Palavra de Deus, em especial, louvando-o pela beleza da criação, decidindo-se por buscar uma “conversão ecológica”. Precisamos nos despertar para a tarefa de cuidar de nossa Terra, a Casa Comum. 

As mudanças climáticas são cada vez mais alarmantes. Por isso, o cuidado ambiental deveria ser nossa preocupação maior. Infelizmente a política está subjugada a outras agendas, como a econômica, movida pelo consumismo e o lucro. A política pensa em preservar e aumentar o próprio poder e a economia apenas em rendimentos a curto prazo, não importando as consequências. 

Interessante é notar que as pessoas mais jovens são mais sensíveis e atentas aos problemas climáticos. Para ajudar, neste sentido, temos a internet que permite aos jovens, principalmente, serem sensibilizados. Os jovens conseguem perceber a lógica do desprezo para com o ambiente, que é a mesma do desprezo para com as pessoas mais frágeis e pobres. 

A característica principal da cultura é promover a harmonia, entre o ser humano e com a natureza. A ignorância ou “incultura”, ao contrário, se rege pela incapacidade de construir harmonia. A existência humana se baseia em três relações fundamentais que estão interligadas: com Deus, entre os seres humanos e com a Terra. Elas foram rompidas pelo pecado, gerador da maldade que leva á destruição. É urgente que estejamos atentos para a questão ecológica. 

A Ecologia está ligada á ciência que nos ajuda a compreender como estão interrelacionados, todos os seres vivos, as criaturas que habitam o planeta. Água, solo, ar, energia do sol e os seres vivos, como os microrganismos e as plantas, aos animais e nós, humanos. A Ecologia mobiliza uma multidão de pessoas e grupos que se mobilizam para deter a destruição da Terra em curso, para assegurar a continuidade da teia da vida. A Ecologia nos leva a compreender que temos um lugar próprio nesse mundo, relacionado com os outros seres.

O ser humano foi projetado por Deus para ser o jardineiro desta Terra, ou o agricultor que planta e cuida, para da terra extrair o sustento, porém, jamais para explorar e destruir como está acontecendo. A terra está doente, está com febre, alerta o Papa Francisco, o primeiro papa a dedicar um documento à questão socioambiental e convidar a humanidade para reverter o desastre que se anuncia, se não houver mudança no modo de tratar a Terra. 

A Terra é nossa casa comum e lugar da Aliança de Deus com os seres humanos e com a criação. O ser humano a quem Deus confiou a criação, e principalmente a pessoa de fé, deve contemplá-la, cuidar dela e utilizá-la, respeitando sempre a ordem dada pelo Criador, preservando a vida.

Neste sentido, é preocupante a reportagem sobre a poluição e emissão de produtos químicos, potencializadores de doenças, emitidos pela Braskem no Parque Capuava (cf. Diário do Grande ABC-Setecidades 13/03/2025). Aliás parece que somente o ministério público e este jornal se ocupam deste tema, fiel ao seu propósito de defender o povo. Seria bom ouvir também prefeitos e vereadores, de Santo André e Mauá. Consideremos que, nós não vivemos sem a Terra, mas ela pode viver sem nós. 


Dom Pedro Carlos Cipollini é bispo diocesano de Santo André.




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