A Represa Billings, que hoje completa um século de existência, desempenha papel essencial na Região Metropolitana de São Paulo. Criada para a geração de energia, sua função se modificou ao longo dos anos, tornando-se fonte de abastecimento para 1,4 milhão de pessoas e instrumento de controle de enchentes. No entanto, a crescente poluição ameaça esse patrimônio hídrico, exigindo ação coordenada entre órgãos públicos, empresas e sociedade. O despejo de esgoto não tratado e a ocupação desordenada afetam a qualidade da água, tornando o tratamento mais caro e complexo. Para que o reservatório siga sendo protagonista desta belíssima história, urge protegê-lo das ameaças externas. 

Os desafios da Billings não são recentes, mas se intensificaram com a urbanização descontrolada e a falta de infraestrutura adequada. Estudos indicam que até mesmo áreas que deveriam manter alta qualidade da água apresentam sinais de contaminação. Ações pontuais, como a ampliação da capacidade de tratamento da Estação Rio Grande, são bem-vindas, mas insuficientes para reverter a degradação do reservatório. O problema exige abordagem sistêmica, que passe pela regularização de moradias, investimentos em saneamento e fiscalização rigorosa contra despejos irregulares. Sem medidas eficazes, o risco é comprometer de forma irreversível um dos principais mananciais da região.

Diante deste cenário, impõe-se a criação imediata de uma força-tarefa para a preservação da Billings, reunindo governos estadual e municipais, universidades, empresas e organizações ambientais. O objetivo deve ser eliminar fontes de poluição, garantir saneamento universal e recuperar ecossistemas comprometidos. O centenário do reservatório não pode ser apenas data comemorativa, mas marco para um compromisso efetivo com sua recuperação – assim como a campanha de 2007, encabeçada pelo Diário. Ignorar essa urgência significa comprometer a qualidade de vida das futuras gerações. Proteger a represa, esta respeitável senhora que acaba de completar 100 anos, é preservar vidas.

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