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O que aprendemos após 5 anos da Covid-19
Fabiano Gonçalves Guimarães
31/03/2025 | 09:12
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Fernandes


Há cinco anos o mundo parava. Avenidas movimentadas ficavam em silêncio, sem as buzinas e sirenes de ambulâncias. Os pátios das escolas deixaram de ter som dos pés correndo na hora do recreio, sem o ecoar de pular corda e as canções que auxiliam na alfabetização. 

A atmosfera passou a respirar melhor, sem o grande fluxo de gás carbônico emitido, reduzido a quase zero em muitas grandes metrópoles. Em contraponto, milhões de pessoas dentro de hospitais e UBSs (Unidades Básicas de Saúde) lutavam pelo ar. Um item tão imprescindível para a nossa sobrevivência, mas que ficou escasso devido às complicações causadas pela Covid-19. 

Se não fossem os profissionais de saúde que lutaram bravamente, muitos deles sem os recursos necessários, e também temerosos não apenas de se contaminarem, mas levarem o vírus para casa, o número de vidas perdidas, que até hoje assusta, seria muito maior. Afinal, perdemos mais de 600 mil brasileiros que eram mães, pais, avós, amigos/as e o amor de alguém. 

Não podemos negar o fato que a pandemia de um vírus mudou completamente os rumos da humanidade. O comportamento humano tornou-se outro e não estamos falando apenas do mundo corporativo, que só agora em 2025 retoma ao formato presencial, que teve que se adaptar às pressas ao modo remoto. 

Os tempos de lavar os itens de supermercado após a compra ou o contato à distância com uso de máscaras estão cada vez mais próximos dos livros de história e longe da nossa memória. Entre as lições, entendemos que o viver o luto é um processo necessário, já que muitos não puderam se despedir dos seus, com um velório ou enterro adequados devido à gravidade do vírus, muito menos pela falta de um último olhar ou aperto de mãos. 

Estar presente se tornou primordial e cada segundo agora importa. O que nos trouxe um pequeno alívio durante o isolamento foi a tecnologia, que por um lado nos possibilitou contato frequente com quem estávamos longe, mas ao mesmo tempo, levantou a bandeira das fake news, que causaram muitos transtornos, provocando mais medo ainda na população. 

Vemos uma sede de vida. Lugares turísticos cada vez mais lotados, a ponto de Veneza, na Itália, limitar o número de pessoas por dia e europeus promoverem manifestações contra o excesso de turistas nas capitais do continente. Viver se tornou algo urgente. 

Na Medicina de Família e Comunidade, no atendimento diário à população, que naquela época, não tinha entendimento sobre o que era o vírus e nós, como profissionais da saúde, estávamos também nos orientando pelos órgãos oficiais, vivemos muito a complexidade que cada sintoma, em grau leve ou intensivo, provocou em cada pessoa atendida. 

E hoje, cinco anos depois, ficou entendido que mais que viver a vida, precisamos nos cuidar, não apenas do nosso físico, com práticas de exercícios, alimentação equilibrada, mas também da nossa saúde mental. 

Não que precisamos nos preparar para uma próxima pandemia, mas como tivemos essa experiência que mudou as nossas vidas de um dia para o outro, mais que manter hábitos positivos herdados durante e pós-isolamento, progredir esses auto-cuidados garante uma vida melhor, mais leve e em casos adversos como o de uma pandemia, teremos melhores condições de lidar com fenômenos que não temos o controle. 

E você, o que tem feito para viver a vida intensamente? 

Fabiano Gonçalves Guimarães é presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade




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