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Violência de cada dia
Bispo Dom Pedro Cipollini
03/04/2025 | 09:05
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Fernandes


A violência no dia a dia de nossas cidades é impressionante, parece uma “guerra civil” aos pedaços. O que está acontecendo com o ser humano? Confunde-se a violência com a força (virtude), em grande parte é fruto do medo, da impunidade que se respira na sociedade, onde a violência parece ser direito de cada um. O certo é que desde tempos antigos, no império mais violento, o Romano, havia a consciência de que “o extremo oposto da justiça é a violência” (Cícero).

Sentimentos que pareciam superados estão voltando. Sentimentos de suspeita, temor, desprezo e até o ódio nas relações entre indivíduos ou grupos julgados diferentes de nós devido à raça, religião ou partido político (nós x eles). São sentimentos perigosos, degradantes, inspiram ações de intolerância, discriminação, negação da dignidade da pessoa e de seus direitos fundamentais.

Preocupa principalmente que, no mundo da política que deveria servir para resolver os conflitos da sociedade civil, cede-se à tentação de instrumentalizar os medos e dificuldades da população para forjar promessas ilusórias em prol de interesses eleitorais, que visam somente a permanência no poder e não o bem comum. Na chamada esquerda os criminosos violentos são tidos como vítimas da sociedade injusta, na chamada direita os criminosos violentos são chamados de heróis da causa. E assim a violência impera ou pela omissão ou pela imposição.

Preocupante é a infiltração desta mentalidade de fundo violento nas comunidades religiosas. Até mesmo na comunidade católica. A busca de justificar a divisão como um “dever moral” de conservar a identidade original da fé e da moral. Não se deve esquecer que: “violência gera violência”.

É preciso voltar ao mandamento do amor ensinado por Jesus, o qual não é apanágio dos fracos, mas dos fortes. “Se alguém disser amo a Deus, mas odeia seu irmão, é um mentiroso; pois quem não ama seu o irmão que vê, como pode amar a Deus, a quem não vê?” (1Jo 4,20). Se somos incapazes de amar a Deus no plano concreto, em nossos irmãos, todos, até antipáticos, não é verdade que amamos a Deus, somos mentirosos. E o “pai da mentira” é Satanás (cf. Jo 8,44).

A ditadura da uniformidade e do pensamento único, da qual se servem as ideologias, é uma tentação diabólica. Visa o poder e o domínio sobre os outros através do autoritarismo e da violência. O certo é que não há quem conserve por muito tempo um poder exercido pela violência, porque ela não vem de Deus.

Dom Pedro Carlos Cipollini é bispo diocesano de Santo André.




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