A celebração dos 472 anos de Santo André, ontem, foi marcada por gesto de profundo respeito à sua própria história: a reinauguração da Biblioteca Nair Lacerda, agora com espaço exclusivo para o acervo do Diário. Trata-se de decisão exemplar por parte da Prefeitura, que compreendeu o valor da memória como instrumento de identidade coletiva. Ao tornar acessível à população um arquivo com edições do jornal desde 1967, o município oferece mais do que páginas antigas – disponibiliza a oportunidade de revisitar os principais episódios que moldaram a cidade e a região, desde a época em que o periódico circulava sob o nome de News Seller, cujo número inaugural circulou em 11 de maio de 1958.
O investimento realizado – cerca de R$ 1 milhão – foi além da restauração física do prédio. A preocupação com a preservação do conteúdo jornalístico, com higienização e condições técnicas adequadas, revela a sensibilidade do prefeito Gilvan Junior (PSDB). A criação de ambiente destinado a conservar e divulgar material histórico reforça o papel do equipamento como guardião do saber e da memória. O acervo do Diário, ao lado de obras raras, publicações locais e espaço dedicado à patrona Nair Lacerda (1903-1996), jornalista, escritora e primeira secretária de Educação, Cultura e Esportes de Santo André, torna a biblioteca não apenas local de leitura, mas um centro vivo de cultura e pertencimento.
Em uma era em que a desinforma-ção circula com velocidade alarmante, poder contar com um repositório confiável de informações é um verdadeiro alívio. A abertura do acervo valoriza a imprensa séria, que ao longo das décadas cumpriu seu papel de narrar os fatos com rigor e responsabilidade. Ter à disposição um registro fiel da trajetória andreense, e do Grande ABC, em meio ao ruído das fake news, é encontrar oásis em terreno seco. A cidade, ao cuidar de sua história, também fortalece seu presente e projeta futuro com base em dados sólidos. Louve-se, portanto, essa iniciativa que transcende a data comemorativa do aniversário andreense e passa a fazer parte permanente do legado público.
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