Erradicar o analfabetismo em cidade com mais de 800 mil habitantes, como São Bernardo, em apenas quatro anos, é uma meta ousada. Ainda mais quando se constata que metade dos alunos da rede municipal chega ao 3º ano sem saber ler ou escrever adequadamente. O novo secretário de Educação, Júlio César da Costa, sabe que o caminho é árduo, mas aposta em estratégias planejadas e testadas com sucesso. A experiência acumulada por ele em Sobral, cidade cearense referência em ensino, foi marcada por esforço coletivo que envolveu diagnóstico preciso, formação de professores, ações corretivas e metas claras. Costa julga ser viável adaptar o método à realidade são-bernardense.

A realidade educacional de São Bernardo não foge à de muitas cidades brasileiras: alta taxa de analfabetismo escolar e atraso no desenvolvimento das habilidades básicas. A diferença, agora, está na forma como o problema é enfrentado. Ao reconhecer publicamente o desafio, a atual gestão sinaliza que não irá esconder as fragilidades da rede. A criação de políticas de alfabetização preventiva e corretiva, além da implantação da Escola de Formação do Magistério e da tutoria escolar, demonstram disposição em buscar resultados. Essas ações não eliminam a necessidade de investimento financeiro, mas mostram que o uso inteligente dos recursos é decisivo. É preciso saber como aplicar o que se tem

Tornar o município referência nacional em educação básica é meta ambiciosa, mas não inalcançável. A cidade dispõe de infraestrutura, corpo docente experiente e apoio político para consolidar o novo modelo. A presença de ferramentas como avaliações e uso racional da tecnologia escolar complementam a estratégia. Em tempos em que a baixa proficiência em leitura e escrita compromete o futuro de milhões de estudantes no País, empenhar-se pela alfabetização é também assumir um compromisso com a cidadania. Que o secretário tenha êxito na jornada e que, ao fim do ciclo, São Bernardo possa comemorar um feito raro: garantir a todos o direito de aprender desde os primeiros anos.