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O exemplo de Francisco
Da Redação
22/04/2025 | 08:51
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Jorge Mario Bergoglio está morto.

O papado de Francisco, que se encerrou ontem, foi marcado por uma coragem serena, mas profundamente transformadora. O primeiro pontífice latino-americano respeitou dogmas, sem desafiar diretamente os pilares milenares da Igreja Católica, mas ousou recolocar a misericórdia no centro do cristianismo. Em tempos de rigidez moral e polarizações ideológicas, reafirmou a face acolhedora de uma instituição que, como disse, prefere estar ferida por caminhar nas ruas do que doente por se fechar em suas seguranças.

Francisco não se limitou a proclamar verdades do alto; ele desceu até os que sofrem, abraçando migrantes, visitando prisões, lavando os pés de pobres e marginalizados, e, com isso, reformando o espírito de uma instituição tantas vezes criticada por sua distância e rigidez. A força de sua liderança não esteve em decretos ou confrontos, mas em um testemunho cotidiano de coerência e proximidade. O papa entendeu que liderar não é apenas governar, mas sobretudo servir. E sua principal arma foi a compaixão – não como retórica, mas como prática. 

Quando muitos esperavam de seu líder espiritual julgamentos severos, ele ofereceu carícias, como disse certa vez explicando a misericórdia de Deus. Suas atitudes causaram escândalo a setores conservadores, mas também reaproximaram milhares de fiéis que se sentiam excluídos. Seu papado foi um convite à conversão, não por imposição, mas pelo exemplo; não pelo medo do castigo, mas pelo reconhecimento de um amor incondicional. Ao fazer isso, Francisco não apenas renovou a imagem da Igreja, mas apontou caminhos possíveis para qualquer liderança em tempos de crise moral e social.

Neste momento em que o mundo se despede deste líder tão singular, cabe a todos os seus congêneres, inclusive os do Grande ABC, inspirarem-se em seu legado. Francisco mostrou que é possível provocar mudanças profundas mesmo em estruturas conservadoras, desde que se tenha coragem moral, escuta atenta e compromisso com os mais vulneráveis.

O Papa Francisco segue vivo.




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