Cultura & Lazer Titulo Adeus de uma lenda
Gilberto Gil transforma São Paulo em Bahia em sua emocionante despedida com a turnê 'Tempo Rei'

O Diário acompanhou a última das datas, no último sábado (26), e constatou o impacto da produção do artista

Renan Soares
28/04/2025 | 17:21
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FOTO: Divulgação/@pridiabr


Em quatro noites mágicas no Allianz Parque, Gilberto Gil encerrou em São Paulo a série de shows da sua última turnê, Tempo Rei, deixando o público entre lágrimas, aplausos e um sentimento de gratidão. Nos dias 11, 12, 25 e 26 de abril, a Capital paulista foi palco de um espetáculo que mais parecia uma oferenda à música brasileira, à cultura e à própria passagem do tempo. O Diário acompanhou a última das datas, e constatou o impacto da produção do artista.

Gil, com sua serenidade luminosa e sua energia contagiante, entregou um show que, embora tenha beirado 2h30 de duração, manteve a plateia absolutamente cativa do início ao fim. Se alguém pensou que a longa duração poderia cansar o público, bastava olhar ao redor: famílias inteiras, jovens, veteranos fãs — todos inteiramente conectados à voz mansa e potente do mestre baiano.

A estrutura do show foi um espetáculo à parte. Um painel de LEDs gigantes e inteligentes, que ora reverenciava o minimalismo, ora explodia em cores, dialogava poeticamente com cada música.

O repertório foi uma verdadeira celebração de todas as fases de Gil. Da sanfona que resgatou o menino nordestino influenciado por Luiz Gonzaga, à poesia madura do imortal da Academia Brasileira de Letras. Canções como Andar com Fé, Aquele Abraço e Realce transformaram o Allianz Parque num grande coro coletivo. Mas foram nos momentos de maior intimidade que o show atingiu seu ápice.

Em A gente precisa ver o luar, Nando Reis subiu ao palco e, com sua voz rouca e carinhosa, dividiu os versos com Gil.  Outro momento de grande emoção foi a entrada de Preta Gil para cantar Drão. A filha, que tem enfrentado uma batalha pessoal contra o câncer, trouxe para o palco uma aura de superação e amor incondicional. Gil, visivelmente comovido, lutou contra as lágrimas durante a apresentação de pai e filha. 

Se São Paulo costuma ser descrita como uma cidade dura e apressada, durante essas noites ela se transformou. Virou Bahia. A direção artística de Rafael Dragaud e a direção musical assinada por Bem Gil e José Gil foram essenciais para construir esse espetáculo multifacetado, que não foi apenas uma sequência de grandes sucessos, mas uma narrativa viva sobre quem é Gilberto Gil: o tropicalista revolucionário, o ministro da cultura, o acadêmico, o homem de fé e de amor.

A banda que o acompanhou — formada por músicos da própria família e colaboradores de longa data — foi outro espetáculo à parte. A banda é composta por Bem Gil (guitarra/baixo), José Gil (bateria), João Gil (guitarra/baixo), Nara Gil (voz), Mariá Pinkusfeld (voz), Diogo Gomes (sopro), Thiago Oliveira (sopro), Marlon Sete (sopro), Danilo Andrade (teclado), Leonardo Reis (percussão), Gustavo Di Dalva (percussão), Mestrinho (sanfona) e ainda um quarteto de cordas,

No fim da noite, ao cantar Toda Menina Baiana, Gil convocou o público para dançar e, sorridente, agradeceu.




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